Lucian Freud
A periodicidade das visitas foi domesticando os instintos. Seu corpo já o aguardava, sabia quando ligaria. No espaço exíguo do cio, semanalmente, sujeitava-se ao corpo dele, seco e blindado.
O desejo linear daquele homem era um enigma que a desafiava. Nada do que ela fizesse modificava a intensidade constante e gélida dos encontros. Os corpos eram seus limites.
Sem questionar, sem cobrar, o que ela recebia eram trinta minutos de um prazer ritualizado. Não conhecia o gosto de sua boca, meramente o do corpo. Por um longo tempo ela o quis deste jeito, sem perceber, suas veias foram se esvaziando e resfriando.
Contagiada pelo frio, ele não mais era um mistério. Tornaram-se iguais. Petrificada, o matou. Não reconheceu a diferença entre o cadáver e o corpo vivo. O sangue voltou a circular quente.
CIO este...
ResponderExcluir...tal qual o amor que supera o desejo, extasiante convulsão.
E que transcende da densidade existencial para a multifária libertação do corpo.
Desprovido de veleidade, atinge estado de divindade ao eternizar-se na paixão.
Eterno ciclo da natureza!
Carlos Augusto
ResponderExcluirLembrei deste dito:
“O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabermos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho”
(Anais Nin)
O amor tem que ser renovado!
Fernanda, fazia muito tempo que eu não me dava o prazer de ler tuas crônicas e estão cada vez melhores. Diz Zygmunt Bauman em 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno, que os jovens se negam a jurar fidelidade até que a morte os separe, pois podem estar perdendo de conhecer pessoas muito interessantes ali na frente. Fugindo da solidão, você deixa escapar a chance da solitude. Quem nunca saboreou o gosto da solitude talvez nunca venha a saber o que deixou escapar, jogou fora e perdeu.
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