segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CIO



                                                                                      Lucian Freud
                                                                                             

           A periodicidade das visitas foi domesticando os instintos. Seu corpo já o aguardava, sabia quando ligaria. No espaço exíguo do cio, semanalmente, sujeitava-se ao corpo dele, seco e blindado.
           O desejo linear daquele homem era um enigma que a desafiava. Nada do que ela fizesse modificava a intensidade constante e gélida dos encontros. Os corpos eram seus limites.
           Sem questionar, sem cobrar, o que ela recebia eram trinta minutos de um prazer ritualizado. Não conhecia o gosto de sua boca, meramente o do corpo. Por um longo tempo ela o quis deste jeito, sem perceber, suas veias foram se esvaziando e resfriando.
           Contagiada pelo frio, ele não mais era um mistério. Tornaram-se iguais. Petrificada, o matou. Não reconheceu a diferença entre o cadáver e o corpo vivo. O sangue voltou a circular quente.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DUELO

                                                               Kandinsky

        Linhas negras torturadas se contorcem. Dançam ao som de uma música surda orquestrada pelo colorido empalidecido que se sobrepõe.
        Apenas alguns sinais da personalidade sanguinária do vermelho se fazem presente. Desvitalizada, se rende à força do negro que domina a cena. E ele, perseguido pelo escuro do azul, que o contorna e sufoca, tenta escapar por finas linhas correndo para dentro de um amarelo morto. O verde esmorecido, sem oxigênio é relegado às bordas.
        Nasce no centro um cogumelo tetro, rajado, como a bomba de Hiroshima que paira num universo de cores, mas sem luz.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sinais

                                     

      A lua dourada imperava no céu negro. Estava convidativa. Mas ela não estava afim. Conhecia bem a rotina. O que imperava no universo dos dois, era o desejo dele.
      De nada adiantava ela vestir os pijamas velhos e surrados. De nada adiantava se encolher no seu canto da cama virada para parede e fingir estar dormindo. Ele não percebia nenhum dos sinais. Contudo, rejeitá-lo, sempre lhe causava um grande problema. No dia seguinte, teria de aguentar as mais diversas manifestações de descontentamento, portas batendo, grosserias.
      Mas um sinal ele conhecia bem. Foi quando ela olhou para o resto de vinho tinto que havia sobrado na taça ao lado da cama, bebeu num gole só. Sem virar-se, desceu o pijama até os joelhos. Dois minutos era o tempo que ele precisava. No outro dia nascia uma nova mesma noite, independente da lua.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Zygmunt Bauman e Edgar Morin


Resumo entrevista Zygmunt Bauman e conferência Edgar Morin

fornecido pela UNIMED POA



A contemporaneidade na visão de Zygmunt Bauman e Edgar Morin

Por Sonia Montaño

A noite do Fronteiras do Pensamento do dia 8 de agosto foi palco de um encontro
histórico com dois dos maiores pensadores do presente: o sociólogo polonês Zygmunt
Bauman e o antropólogo e filósofo francês Edgar Morin. O primeiro, através de um
vídeo gravado com exclusividade para o Fronteiras na sua residência em Londres no
dia 25 de julho de 2011. O segundo, com sua presença no palco trazendo provocantes
análises e um convite para a esperança: a humanidade pode estar num período de
metamorfose, gestando um mundo melhor.
Zygmunt Bauman: a pós-modernidade é passagem ou início de uma era?
O sociólogo polonês abriu sua entrevista falando sobre a dificuldade de dizer qual, no
século 20, foi a mais importante e mais duradoura herança para as próximas
gerações. O que aconteceu no século 20 foi uma passagem de toda uma era da
história mundial, ou seja, da sociedade de produção para a sociedade de consumo.
Por outro lado, houve os processos de fragmentação da vida humana. “Quando eu era
jovem, isto é, séculos atrás, ficamos impressionados com Jean-Paul Sartre, que nos
disse que precisávamos criar o projet de la vie, projeto de vida. Temos que
selecionar um projeto de vida, temos que prosseguir passo a passo, de forma
consistente, ano após ano, chegando cada vez mais próximo desse ideal. Agora,
conte isso aos jovens de hoje e eles rirão de você”, enfatizou Bauman. Para ele, o
projeto de vida hoje, de uma vida inteira, é algo difícil de acreditar. A vida é
dividida em episódios. Não era assim no início do século 20.
As sociedades foram individualizadas. Em vez de se pensar em termos de a qual
comunidade se pertence, a qual nação se pertence, a qual movimento político se
pertence etc., tendemos a redefinir o significado de vida, o propósito de vida, a
felicidade na vida para o que está acontecendo com uma própria pessoa, as questões
de identidade, que têm um papel importante hoje no mundo. “Você tem que criar a
sua própria identidade. Você não a herda. Você não apenas precisa fazer isso a partir
do zero, mas tem que passar sua vida, de fato, redefinindo sua identidade”, explicou
o professor.
O fim da pós-modernidade?
Houve no século 20 muitas mudanças, não apenas a passagem do totalitarismo para a
democracia, mas muitas outras coisas. No final do século 20, houve a passagem do
Estado social para o Estado neoliberal, em que cada indivíduo tem que encontrar
soluções individuais para problemas produzidos socialmente. “Isso vai durar ou não?
Vamos voltar ao hábito de pensar em termos de toda a sociedade, o nosso país,
Brasil, a comunidade à qual pertencemos, o nosso bairro, a nossa cidade? Essa é uma
grande pergunta. É muito difícil dizer se o neoliberalismo é apenas um fenômeno ou
se é o início de uma era”, perguntou o sociólogo. A mesma pergunta Bauman formula
em relação à pós-modernidade, tendo grandes dificuldades para dizer se foi o início
de uma nova forma de vida, que vai durar séculos, ou se é um período de transição,
de um tipo de ordem social para outro tipo de ordem social. “Quando você está num
processo de transição, fica muito difícil imaginar outro tipo de solução estável, um
acordo de convivência humana. Mas isso vem mais cedo ou mais tarde. E até mesmo
essa pergunta não dá para responder”, disse o entrevistado.
A interdependência e o problema ecológico
Para Bauman, duas questões seriam irreversíveis. Teríamos multiplicado, nós, a
humanidade no planeta, as conexões, as relações, as interdependências, as
comunicações, espalhadas em todo o mundo. Estamos agora numa posição em que
todos nós dependemos uns dos outros. “O que ocorre na Malásia, quer você saiba ou
não, sinta ou não, tem uma tremenda importância nas perspectivas de vida dos
jovens em São Paulo. E vice-versa. Essa é a primeira vez na história em que o mundo
é realmente um único país, em certo sentido”, explicou o sociólogo. Isso coloca na
agenda o problema, não de construir um Estado-nação, não de construir uma
comunidade local de qualquer tipo, mas de construir uma comunidade da
humanidade.
A segunda questão é que, aproximadamente após 300 anos de história moderna,
nossos antepassados decidiram assumir a natureza sob a gestão humana na esperança
de que eles fariam com que a natureza obedecesse absolutamente às necessidades
humanas e teriam pleno controle do que acontecesse no mundo. Agora, isso acabou,
porque, no resultado dos nossos próprios sucessos, as nossas respostas para os nossos
sucessos, o desenvolvimento da tecnologia moderna, a eficiência, ou a nossa
capacidade de produzir cada vez mais, alcançar todos os tipos de recursos naturais
do planeta, no resultado de todo esse sucesso da ciência e da sociologia, chegamos
muito perto dos limites da suportabilidade do planeta.
O Estado e o poder
O poder teria evaporado do nível do Estado-nação para o que Manuel Castells,
sociólogo espanhol, chama de “espaço de fluxos”. De fluxos significa que há
movimentação ilimitada de capitais, de planos de investimentos, de commodities, de
informações, de terrorismo, de comércio de armamentos, e também de
criminalidade etc. Então, o poder, a capacidade de fazer coisas, frequentemente fica
fora do alcance da política local. E por política local não se faz referência apenas à
política municipal, pois a política do Estado, agora, nestes tempos de globalização, é
uma política local.
Ele não pode impedi-los, não pode controlá-los, não pode forçá-los a se comportarem
apropriadamente, porque a política até agora continua local. Existe a política
brasileira, a política chilena, a política argentina, a política francesa etc. Às vezes,
há alguns começos de política europeia, mas muito pouco. Normalmente, ela é
dividida em francesa, alemã, italiana etc. Nem mesmo é internacional, é
intergovernamental, interministerial. Porém, realmente global, que seja vinculante
para todo o globo, isso não existe.
A democracia
O Estado não tem poder suficiente para manter todas as promessas que os Estados,
50 anos atrás, fizeram aos cidadãos. E essa foi a “era de ouro” da democracia. Nos 30
anos do pós-guerra, ocorreu uma proliferação e florescimento da democracia ideal.
Agora, a democracia está em decadência. Cada vez menos pessoas estão realmente
convencidas de que seja uma coisa boa. E têm dúvidas a respeito da qualidade da
democracia. Isso porque o Estado relativamente sem poder consegue oferecer cada
vez menos aos cidadãos. Ulrich Beck, um escritor bastante influente e sociólogo
alemão, aponta que, na sociedade contemporânea, espera-se que os indivíduos
encontrem individualmente, usando inteligência individual e recursos individuais,
soluções individuais para problemas comuns e produzidos socialmente. “E, se esse for
o caso, por que eu deveria me preocupar com os governos, por que eu deveria me
preocupar com as eleições, por que eu deveria me preocupar com as democracias
adequadas? Realmente, não há motivo. Esse é o perigo”, alertou Bauman.
Indivíduo
Para o sociólogo, a maior aproximação contemporânea da Ágora, do lugar onde a
democracia foi feita e protegida, são os talk shows televisivos. “É onde as massas
assistem, participam, telefonam, enviam perguntas, mensagens etc. Algo semelhante
ao que se fazia na antiga Ágora. Ao olharmos para isso, vemos que eles não estão
discutindo os nossos interesses compartilhados, não estão discutindo o bem-estar da
sociedade, eles não estão discutindo sobre o que precisa ser feito para abolir e
reparar os problemas que todos nós sofremos na sociedade atual. Eles apenas
confessam, em última análise, os problemas privados individuais e bastante íntimos”,
disse o polonês. Ele lembrou que para Alain Ehrenberg, sociólogo francês, a
revolução pós-moderna começou numa quarta-feira à noite, num outono da década
de 1980, quando uma certa Vivienne, uma mulher comum, na presença de 6 milhões
de telespectadores, declarou nunca ter tido um orgasmo durante seu casamento,
porque seu marido, Michel, sofria de ejaculação precoce. Repentinamente, na Ágora,
as pessoas começaram a confessar coisas que eram a personificação da privacidade, a
personificação da intimidade. “Então, a Ágora foi conquistada, não pelos regimes
totalitários, mas exatamente pela privacidade, por coisas que anteriormente eram
privadas”, insistiu Bauman.
Redes e laços sociais
Ele encerrou sua entrevista abordando as diferenças entre redes e laços sociais, e a
tensão entre liberdade e segurança: para alcançar uma tendemos a abrir mão da
outra. Ele lembrou que, quando jovem, não tinha o conceito de “redes” e sim de
laços humanos, de comunidades. A comunidade precede o indivíduo e é difícil entrar
e sair dela, diferente da rede. A rede é feita e mantida viva por duas atividades
diferentes. Uma é conectar e a outra é desconectar. “E eu acho que a atratividade
do novo tipo de amizade, o tipo de amizade do Facebook, como eu a chamo, está
exatamente aí: que é tão fácil de desconectar”, disse o pensador.
Edgar Morin e a crise da globalização
A presença de Edgar Morin no palco do Fronteiras demonstrou como a lucidez e a
vitalidade física que o caracterizam não diminuíram apesar das nove décadas
completas no último dia 8 de julho: ele falou em pé durante mais de uma hora,
cativando a atenção de toda a plateia. O antropólogo começou descrevendo uma
série de realidades que hoje estão em crise. Crise econômica, das sociedades
modernas, da sociedade ocidental, das sociedades tradicionais, de desenvolvimento,
crise demográfica, impotência do pensamento para entender o que está
acontecendo. “A crise é da humanidade, que não consegue se tornar humanidade
porque todos os processos que a conduziram a levaram a uma catástrofe”, disse o
conferencista.
Para ele, precisamos não só proteger os estados nacionais, mas criar realidades
supranacionais para tratar dos problemas comuns. A ONU não estaria dando conta de
problemas como a eliminação das armas em massa, da economia ou da biosfera.
Encontramo-nos diante de algo estranho, e é provável que o curso atual da
globalização nos leve à catástrofe.
A probabilidade
Para o francês, se o curso continuar com a força que tem no presente, as
probabilidades serão catastróficas. Mas na história humana muitas vezes aconteceu o
inesperado, o improvável. “A democracia foi um acontecimento improvável que
surgiu em Atenas. No início do século V existiu um enorme império persa que
desejava conquistar Atenas. Mas os cidadãos conseguiram expulsar o gigantesco
exército persa. Tomaram Atenas, queimaram e destruíram. A frota grega preparou
uma armadilha e afundou os navios persas. Atenas se restabeleceu e, 40 anos depois,
surgiu a democracia”, disse Morin. A democracia, através de todos os percalços
históricos, se transformou numa força em escala mundial; portanto, o improvável
pode acontecer.
Entre os exemplos de improváveis que se transformaram em grandes movimentos
provocando mudanças de rumos, Morin lembrou o príncipe Buda, Jesus e o
cristianismo espalhado por Paulo de Tarso, Maomé, mas também os inícios da ciência
e de sistemas como o socialismo.
Desintegração ou metamorfose?
Quando um sistema não consegue tratar seus problemas fundamentais, ou se
desintegra, ou regride e se torna bárbaro, ou cria um metassistema e se
metamorfoseia. Metamorfose, palavra reservada aos insetos, mostra uma
transformação. A larva ganha asas. Cada um de nós, quando está no ventre da mãe, é
uma espécie de animal aquático que não conhece o ar, e ao nascer sofre uma
metamorfose. O planeta, durante milhões de anos, foi coberto por pequenas
sociedades de caçadores sem organização, mas depois os processos recriaram a Terra
e vimos surgir sociedades com belezas e barbáries. A humanidade conseguiu se
metamorfosear para o melhor ou para o pior. A metamorfose só acontece no curso de
um processo que ainda é desconhecido.
Globalizar e desglobalizar
Já houve vozes que se levantaram dizendo que é necessário desglobalizar, pelo
empobrecimento do regional e a perda do sentido comunitário. Para o filósofo, é
necessário ao mesmo tempo globalizar e desglobalizar. Acostumados a um
pensamento binário, é difícil imaginar essa possibilidade, mas ela é necessária. Os
meios de subsistência de um país devem ser preservados. Em certos casos, proteger
as mercadorias com taxas alfandegárias para proteger os trabalhadores da
exploração. É preciso envolver e desenvolver. Devemos conservar a identidade
aceitando o que vem do mundo exterior. O Ocidente trouxe a ideia de democracia,
liberdade, valorização da mulher, mas destruiu sentidos de solidariedade e
comunidade. Um exemplo dado pelo conferencista é o da necessidade de integração
da medicina, onde a medicina moderna leve em conta a medicina milenar da China
ou dos povos indígenas. É necessário integrar das culturas tradicionais qualidades
como a harmonia com a natureza, valores como a cortesia, a cordialidade.
Para harmonizar ambos os movimentos de globalização e desglobalização, seria
necessário um decrescimento ou crescimento negativo do ponto de vista econômico e
energético. “Gastar menos energia. A economia verde, baseada em energias limpas,
deve crescer e tornar as cidades mais suportáveis, reduzindo o tráfico, gerando o
comércio justo. Precisamos de uma economia solidária, que vença o domínio da
perspectiva de ganho”, salientou o filósofo. Para o conferencista, embora haja
iniciativas criadoras, elas estão dispersas e desconexas. Entre os exemplos, ele
lembrou do banco Palmas de Fortaleza, onde o microcrédito contribui para formar
uma cidade de 3 mil habitantes que não tinham condições básicas de vida e agora
vivem muito bem. Lembrou também da formação de uma orquestra na Venezuela
para combater a criminalidade juvenil. Iniciativas transformadoras, mas dispersas.
O bem-viver
Morin lembrou que para Rousseau educar é ensinar a enfrentar os problemas da vida,
aprendendo a enfrentar as incertezas, a vencer as armadilhas do conhecimento.
“Precisamos reformar o pensamento, e naturalmente o pensamento político, que as
pessoas aprendam a ter uma nova ideia de mundo. Precisamos reformar nossas vidas
condenadas a ser cronometradas e monótonas”, disse o francês. A vida devia estar
polarizada pelo polo da prosa e pelo polo da poesia. A prosa da vida é o que nos
vemos obrigados a fazer, que nos entristece, nos contraria mas fazemos para
sobreviver. A poesia é o que nos faz viver. Está no amor, na amizade, na comunhão,
no lúdico, na dança, no êxtase. “A felicidade não é possível produzi-la, depende de
condições externas e internas para se realizar. Contudo, uma política pode criar
condições para evitar infelicidade, pode favorecer a abertura ao crescimento poético
da vida”, insistiu o conferencista. Ele lembrou que para Hegel compreender a outra
pessoa é compreender a complexidade do ser humano.
Morin preferiu a ideia do bem-viver à ideia de bem-estar. “Claro que o bem-estar
materializado é útil, mas há uma parte de nossa pessoa que deseja mais que o bemestar
material. Algo que nos permite estar mais em harmonia com o mundo e
conosco”, afirmou o antropólogo. Há um mal-estar que está sendo vivido no bemestar
material, por isso é preciso saber viver poeticamente.
Para Morin, tudo o que foi tentado em pequenas comunidades fracassou, exceto
quando estavam unidos por ideias religiosas e rituais. Comunidades se desintegraram
porque havia um ambiente externo desfavorável sim, mas também porque as pessoas
não conseguiam se entender. “Tudo deve ser reformado ao mesmo tempo, todas as
reformas são intersolidárias. Esse processo poderá permitir a criação de um novo
caminho e fazer com que o antigo caminho se desintegre. São as únicas condições de
chegar a algo que dê as possibilidades de seguir a aventura humana”, disse o
conferencista.
Morin encerrou sua conferência lembrando que hoje toda a humanidade está
embarcada nos mesmos problemas. “Hoje não é uma questão de defender privilégios
e esquecer os que sofrem, é defender a causa de toda a humanidade, e não há uma
classe privilegiada que vai segurar a salvação. Digo para os jovens que eles têm uma
causa mais justa, mais bela e maior que aquela pela qual estávamos dispostos a
sacrificar nossa vida. A esperança não é um certeza. Antes a esperança era uma
crença e resultou uma ilusão. Se existir a esperança, temos o fermento necessário
para toda transformação, para alcançar uma metamorfose”, conclui o filósofo.
No breve debate, Edgar Morin foi perguntado pelo lugar do Brasil nessa metamorfose
e sobre os valores e projetos de vida pessoais. Ele respondeu que o Brasil tem um
lugar privilegiado pela sua riqueza de biodiversidade humana e natural. “Um lugar
onde o humanismo se pode desenvolver, país onde a criatividade é possível, onde a
aventura humana pode se desenvolver. Ao ver isso, penso que poderia me instalar no
Brasil”, brincou o conferencista. Sobre os valores mais importantes, ele assinalou o
amor e o conhecimento, e estes mesmos são seus planos aos 90 anos, continuar
trilhando esse caminho.

sábado, 30 de julho de 2011

CHAMA E FUMO

                                                                   
                                              Manuel Bandeira                          

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa

                                                                 
Gozo cruel, ventura escassa
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...


Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...


Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...


A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...


Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois fumaça...


Porquanto, mal se satisfaça,
(Como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...


A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas... tem de ser...
Amor?...- chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...


domingo, 24 de julho de 2011

Amy Winehouse



 Perde-se uma das vozes mais lindas e profundas dos últimos tempos.Voz negra num corpo de mulher com alma de menina, indefesa num mundo implacável com as fragilidades e desamparo humano.
Back to Black, uma de suas melhores...



He left no time to regret
Kept his dick wet with his same old safe bet
Me and my head high
And my tears dry, get on without my guy
You went back to what you knew
So far removed from all that we went through
And I tread a troubled track
My odds are stacked, I'll go back to black
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
I go back to us
I love you much
It's not enough, you love blow and I love puff
And life is like a pipe
And I'm a tiny penny rolling up the walls inside
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
Black, black, black, black
Black, black, black...
I go back to
I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to black

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Homenagem a Nelson Mandela



Hoje Nelson Mandela completa 93 anos. Um dos maiores guerreiros em luta pela liberdade e o maior representante do movimento antiapartheid.


Não há mais caminho fácil para a liberdade em lugar algum, e muitos de nós têm que atravessar o vale das sombras da morte de novo e de novo antes de alcançarmos o topo da montanha de nossos desejos."


"Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não è  aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo. "


                                      Nelson Mandela





Mandela Day

It was 25 years they take that man away
Now the freedom moves in closer every day
Wipe the tears down from your saddened eyes
They say Mandela's free so step outside
Oh oh oh oh Mandela day
Oh oh oh oh Mandela's free

It was 25 years ago this very day
Held behind four walls all through night and day
Still the children know the story of that man
And I know what's going on right through your land

25 years ago
Na na na na Mandela day
Oh oh oh Mandela's free

If the tears are flowing wipe them from your face
I can feel his heartbeat moving deep inside
It was 25 years they took that man away
And now the world come down say Nelson Mandela's free

Oh oh oh oh Mandela's free

The rising suns sets Mandela on his way
Its been 25 years around this very day
From the one outside to the ones inside we say
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh set Mandela free

Na na na na Mandela day
Na na na na Mandela's free

25 years ago
What's going on
And we know what's going on
Cos we know what's going on

Dia de Mandela

Há 25 anos eles prenderam aquele homem
Agora a liberdade se aproxima a cada dia
Enxugue as lágrimas dos seus olhos entristecidos
Eles dizem que Mandela está livre, então pise lá fora
Oh oh oh oh Dia de Mandela
Oh oh oh oh Mandela está livre

Há 25 anos nesse mesmo dia
Preso entre 4 paredes durante noite e dia
As crianças ainda sabem a história daquele homem
E eu sei o que está acontecendo bem na sua terra

25 anos atrás
Na na na na o Dia de Mandela
Oh oh oh o Mandela está livre

Se as lágrimas estão fluindo, enxugue-as de seu rosto
Eu posso sentir a batida do coração dele movendo bem fundo
Há 25 anos eles levaram embora aquele homem
E agora o mundo desce e diz "Nelson Mandela está livre"

Oh oh oh oh o Mandela está livre

O sol nascente guia Mandela em seu caminho
Faz 25 anos nesse mesmo dia
Desde o dia livre até os dias presos, nós dizemos
Oh oh oh oh o Mandela é livre
Oh oh oh o Mandela é livre

Na na na na o Dia de Mandela
Na na na na o Mandela é livre

25 anos atrás
O que está acontecendo?
E nós sabemos o que está acontecendo
Porque nós sabemos o que está acontecendo










sexta-feira, 15 de julho de 2011

CORPO VAZIO




                                   

                                 

             Seu shortinho minúsculo, mal tapava as bochechas de suas nádegas  flácidas e murchas. Gostava de calçar aquelas sandálias vermelhas, apesar de não serem confortáveis, seus calos já se acomodavam por entre as tiras de couro gasto. Enquanto troteava na avenida vazia, ajeitava os seios que insistiam em pular para fora do sutiã preto de renda. Só mais um cliente e terminaria seu turno.
              Ouviu o assobio suave que vinha do outro lado da rua. Aproximou-se do estranho, segurou sua mão e o guiou até o beco escuro. De joelhos, em meio ao lixo, fez seu serviço. O sujeito tinha pressa em expelir toda sua ânsia para dentro dela.  Cuspiu, limpou os lábios com o dorso da mão. Partiu com seus vinte reais na bolsa prateada que carregava junto aquele corpo, que não lhe pertencia mais.



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Seria o pessimismo mais inteligente?

Resumo da conferência de Luiz Felipe Pondé oferecida pela Unimed POA
Luiz Felipe Pondé esteve em Porto Alegre participando do Fronteiras do Pensamento. Foi uma palestra dinâmica, instigante  e com aquele humor inteligente e provocador característico de Pondé.


Pessimismo e modernidade
Resumo por Sonia Montaño
A noite de 11 de julho do Fronteiras do Pensamento abriu com a saudação musical de
Paulo Inda, professor do Departamento de Música da UFRGS, que interpretou Johann
Sebastian Bach em violão.
O conferencista, o filósofo Luiz Felipe Pondé, se propôs a responder e respondeu à
pergunta que deu título a sua fala: Seria o pessimismo mais inteligente? Conforme o
professor da USP, a pergunta nasce do fato de que a maior parte dos intelectuais só
fala em desgraça. Ao mesmo tempo, “pessimismo” e “otimismo” apresentam suas
dificuldades por não serem conceitos, são termos escorregadios que podem significar
muitas coisas. Para Pondé, os avanços do mundo acontecem porque grande parte de
filósofos, escritores e cientistas continuam a ser  pessimistas. “Uma pessoa que
sempre está alegre, você se pergunta se sabe o que está acontecendo à sua volta”,
brincou o filósofo. O pessimismo, então, seria mais inteligente?
Refletindo sobre o dualismo pessimismo–otimismo no mundo ocidental, o colunista da
Folha de S.Paulo lembrou que esperança é essencial para os seres humanos, e entre
os pessimistas da história ocidental estariam o gnosticismo e o cristianismo, mas não
só, o pessimismo teria prevalência na história do pensamento. Entre os exemplos de
otimistas, o conferencista lembrou a filosofia grega, que é uma reação à tragédia
grega, pessimista por natureza. “A filosofia, – Sócrates, Platão, Aristóteles – investe
na ideia de autonomia do ser humano. Com o tempo ela cria um problema. A ideia de
autonomia como capacidade do ser humano orientar a vontade a partir do intelecto
ganha contornos sombrios na história ocidental”, explica Pondé.
Os dois humanismos
No Renascimento, a noção de humanismo tinha dois sentidos. O primeiro é um
humanismo mais filosófico, aquele que é a base do otimismo moderno, que tem a
visão do humano do filósofo Pico Della Mirandola (1463-1494), um homem cheio de
potências a serem realizadas. A pergunta era: basta a filosofia para a felicidade ou
precisa da fé? Os estudiosos de Aristóteles defendem a primeira opção, com a razão e
o intelecto basta. É o que está na base da grande dogmática moderna, visão de
autonomia intelectual como potência infinita para ser realizada. A natureza humana
teria tudo para resolver os problemas que vão se apresentando à humanidade. O que
nos falta é prática, conhecimento, esforço. Essa ideia supõe conhecimento do
passado para iluminar o futuro.
O segundo humanismo é o de um grupo que ficou conhecido como anti-humanista,
entre os séculos 13 e 17, que afirma que não dá para confiar direito na natureza
humana. No século 17, na França, esse debate é muito acirrado. Os otimistas
venceram pelo surgimento da ciência moderna, a tecnociência. A ideia de ciência já
trazia implícita uma relação direta entre ela e o bem-estar da humanidade. A maior
parte dos seres humanos pensa que a ciência é um ganho.



“A ciência já nasceu com um otimismo implícito. Marca-passo, transplante, avião,
computador. Mas a história da evolução científica está associada a uma série de
problemas”, disse o conferencista.
Para Pondé, a espécie humana tem dentro dela certa violência e crueldade, e seria
ingênuo lidar com os avanços da humanidade com otimismo total. Do ponto de vista
filosófico, existe sempre a pergunta sobre o sentido da vida, que normalmente
produz um pessimismo. “A vida é algo que no final sempre dá errado, e no meio dela,
às vezes, você tem boas experiências”, ironizou o filósofo, lembrando que o ensaísta
Michel de Montaigne (1533-1592) acreditava que as virtudes da velhice são a
impossibilidade de realizar os vícios da juventude. Existiria, então, um pessimismo de
fundo, uma angústia ligada ao cotidiano. A ciência, a liberdade e a democracia não
teriam muito a dizer quando você descobre que seu filho de 15 anos tem um câncer e
pergunta “por quê?”, buscando conforto. “Temos o medo de fundo de que a gente
seja só pedra vagando pelo universo. É um assalto de pessimismo que nos
acompanha”, diz o conferencista. A ciência avança muito em relação à extensão da
vida, mas não consegue dar sentido para a vida.
O pessimismo e suas dúvidas funcionariam, então, como uma espécie de controle de
qualidade, atenção contínua, avaliação de tudo o que o ser humano faz. Grande
parte dos filósofos e intelectuais são pessimistas porque a história dá muitas razões
para sê-lo. Luiz Felipe Pondé destacou o perigo que é quando um ser humano tem
excessiva paixão por si mesmo, excessiva confiança  no que faz. “O século 20 foi
profundamente otimista. Pessimismo e otimismo são necessários o tempo todo.
Quando você é pautado por uma hibris, isto é, quer dar o passo maior que a perna, é
bom ter uma crisezinha de pessimismo”, defendeu Pondé.
Para ele, seria ingênuo achar que o debate está em ser contra ou a favor da ciência e
da modernidade. Entre ciência e política, é necessário operar nesse equilíbrio entre
pessimismo e otimismo. “Isso é o que o século 20 nos ensinou”, salientou Pondé.
O pessimismo seria a consciência, a dúvida. Mas, se alguém duvida demais, paralisa.
O capitalismo só funciona no otimismo. Em momento de muitos avanços técnicos, é
muito importante ficar atento, porque os avanços não são só fruto da nossa
capacidade criativa. São fruto também da dúvida da própria capacidade criativa. É o
perigo da eugenia, que, em certa forma, já estava com Platão em A república, onde
projeta uma utopia, em que as mulheres mais bonitas e saudáveis teriam filhos com
os homens mais bonitos e saudáveis e seria o início de uma geração mais bela. A
eugenia é um dos piores riscos do otimismo. “Me parece um enorme erro filosófico
para alguém que vive em 2011 não perceber que devemos tomar cuidado com ideias
como essa. Pessimismo no sentido de olhar mais crítico, mais lento, que parece pisar
no freio em algumas coisas. Já tivemos exemplos suficientes de que os avanços
técnicos precisam de cuidados com os projetos utópicos e os riscos que eles
implicam”, defendeu o filósofo.  Para ele, o que sempre humanizou o ser humano é uma certa dose de sofrimento. A
vitória e o sucesso são coisas fantásticas, mas podem ser ferramentas de
desumanização, de impaciência com as pessoas vistas como lentas demais, que
choram demais, frágeis demais. “A experiência do limite humaniza o ser humano, faz
com que ele se sinta frágil, pequeno. O pessimismo  seria um modo de olhar a
humanidade”, concluiu o conferencista.
Encerrada a conferência, Luiz Felipe Pondé respondeu às perguntas da plateia.
Questionado sobre o papel da ciência no desencantamento do mundo, ele lembrou
como no Romantismo houve um reencantamento com a ideia de natureza e reafirmou
a ideia de ciência como otimismo.
Perguntado sobre o fundamentalismo religioso, disse que a religião é um sistema de
sentido que reúne comportamentos cotidianos e narrativas cósmicas que dão
significado ao comportamento. O fundamentalismo seria uma reação a determinados
índices da modernidade a partir de práticas da religião literais do texto sagrado. Um
suposto retorno a um mundo religioso verdadeiro que teria sido destruído pela
modernização, já que a modernização é vivida como desencaixe de tudo. Haveria,
então, uma visão pessimista em relação à modernização, mas ele oferece um
reencantamento da vida.
Pondé comentou ainda sobre o problema do pensamento politicamente correto, como
aquele pensamento covarde que simplifica a discussão, e disse que, se pudesse voltar
para o passado, escolheria a Idade Média, já que foi muito injustiçada pelos
iluministas. “Mas iria com passagem de volta”, brincou o conferencista.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Jacques Lacan - hacen bien en creer que van a morir

  


Poderíamos suportar a vida que levamos se não estivéssemos solidamente apoiados na certeza de que haveria um fim??

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quando cai um rio do céu


 Dois contos de Daniel Rosa dos Santos do livro "Quando cai um rio do céu"

Gota a Gota

Há mais de um jeito de transbordar, o meu preferido é ir gotejando ta a gota gota a ta, tanto bate até que enche antes de vazar.




Gota

Pastosa, a saliva pastosa e a dor latejando como goteira que pinga. A água cai de balde, mas na sala entra gota por gota. Arrisco um resfriado ou espero dor maior? Essa é a questão. O telefone não atende, pode não ter linha, só isso. A maior lucidez é a dor.




sexta-feira, 24 de junho de 2011

dias de negro

poema de Ronald Augusto
do livro " no assoalho duro "

efeito de cálculo da desmedida                                  
frederico nietzsche
filósofo crítico da decadência
na autopropaganda na autodevoração
da vida-obra
estilo-insulto voltado para um leitor
tão barra-pesada e perturbador quanto ele
a cada desviar e virar de página
mais o identifico a vincent van gogh
a hiperestesia na hiperfilosofia
sua misoginia impertinente
feminina corrosiva do matriarcado
de pindorama do antropófago que gama

penso também - e não estou
de brincadeira - na música
do tim maia racional
um álbum sem lugar nas paradas
empedernidas do pardieiro do meio
a inigualável criação do síndico
um disco-risco raro
condenado à extinção e sempiterno
porque não pode ser repetido
tim maia racional
misto tropicalista de idealismo
e zaratustra anticristo
o parecer de nietzsche: obra para estômagos
ou buchos ruminantes
sadios


terça-feira, 14 de junho de 2011

O GATO


                                                                     Paul Klee

                                                 O gato tem sete vidas.                  
                                                 Ninguém mais.
                                                 Não se mate para mim.
                                                 Não irei te ressuscitar.

domingo, 5 de junho de 2011

Arrependimento

As lágrimas salgadas banhavam seu rosto com arrependimento como o mar inunda a areia em um dia de ressaca
O remorso corroía sua face, destruindo cada marca de felicidade que ELA havia deixado ali
Seu egoísmo insano  o deixara cego à dor que cada um de seus gestos provocavam NELA
Mas já era tarde
ELA não voltaria mais
E a noite se fez dentro dele



                                                            Van Gogh

terça-feira, 24 de maio de 2011

Conferência de Fredric Jamenson- Fronteiras do Pensamento 2011


 Com sua reflexão sobre A estética da singularidade, o crítico literário norte-americano abordou as texturas e estruturas da pós-modernidade, aqui apresento um resumo oferecido pela UNIMED, de sua conferência em Porto Alegre no Fronteiras do Pensamento.

A estética da singularidade 

                                    por Sonia Montaño

O Fronteiras abriu sua 5ª edição, ontem à noite, dia 23 de maio, em grande estilo e
com o Salão de atos da UFRGS lotado. A saudação musical feita pela pianista Simone
Leitão, apresentando a Sonata número 2 do compositor russo Sergei Rachmaninoff
escrita em 1913, antecipou a intensa atividade imaginativa e intelectual que viria
com a presença do conferencista, Fredric Jameson, crítico literário norte-americano.
O apresentador da noite, o jornalista Tulio Milman, convidou ao palco o reitor da
UFRGS, Carlos Alexandre Netto, o prefeito da cidade, José Fortunati, e o governador
do Estado, Tarso Genro, que deram as boas-vindas aos participantes e comemoraram
mais uma edição do evento. “O acúmulo democrático em nosso país traz eventos
extraordinários como este. Empresas de grande importância no cenário regional e
nacional promovem um evento dessa envergadura num momento em que muitos
países europeus enfrentam dificuldades extraordinárias provavelmente porque não
refletiram suficientemente sobre seu futuro”, salientou o governador.
Maria Elisa Cevasco, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo, foi mediadora do debate e chamou o conferencista da
noite, cuja erudição impressionou os participantes. Fredric Jameson abordou as
características da pós-modernidade como a abolição  do tempo pelo espaço e a
transformação de objetos em eventos, isto é, as mudanças nos modos de produzir e
consumir a arte. Ele analisou os três estágios do capitalismo com um
desenvolvimento cíclico: a implantação do capitalismo, o desenvolvimento e a
saturação (com especulação financeira).
A estética da singularidade
Fredric Jameson iniciou sua fala defendendo que a melhor designação da estrutura
do presente é a pós-modernidade, e caracterizou esse tempo nas mais diversas áreas
da vida cultural e social. A característica básica do pós-moderno seria a substituição
do tempo pelo espaço. O tempo é abolido e a realidade política e estética do espaço
ultrapassou a ênfase modernista sobre o tempo.
Para o autor, o principal fenômeno espacial é a globalização. Pós-modernidade e
globalização são a mesma coisa, a pós-modernidade é a face cultural da qual a
globalização constitui a infraestrutura, a realidade econômica.
Arte e estética
Conforme o conferencista, o pós-moderno implica um debate sobre as singularidades
e sobre seu oposto, os universais. Na arte, os universais são chamados gêneros, e o
modernismo destruiu os universais genéricos e criou obras que fossem únicas,
singulares, textos dificilmente classificáveis sob  a ótica do gênero. O modernismo,
então, já era nominalista em seu estilo e quis colocar objetos únicos no lugar da
repetição padronizada de formas físicas específicas. Embora em si próprios estejam
esgotados, no nível da cultura de massa esses universais genéricos continuam a ser
praticados na TV, nos romances populares e nos filmes. O modernista aspira realizar
uma obra singular.
Tínhamos duas premissas no modernismo que foram descartadas no pós-modernismo:
1) A criação de uma obra no modernismo é também a criação de estilo. O estilo é singular em relação à obra repetível. Quando as possibilidades de novos estilos
estiverem esgotadas, então o modernismo entrará em  crise terminal.
2) Por outro lado, há uma espécie de religião da arte, a percepção de que a arte é uma vocação
total, autônoma em si mesma. O pós-modernismo, então, descarta ambas as premissas.

Os objetos da arte: eventos em lugar de obras 

Olhando o objeto em si, muitos críticos falaram da volatilização do objeto de arte.
Significa o fim dos produtos mais antigos como o quadro a óleo ou a estátua. Haveria
a primazia da instalação, que inclui uma série de objetos diferentes. Nenhum desses
objetos é o objeto da arte, a arte está na combinação, na relação deles. Ela é espaço
e não presença. O artista pós-moderno aspira produzir não um objeto, mas sim uma
estratégia de produção ou uma “receita”. A instalação é uma desintegração do
antigo sistema clássico das belas artes. No pós-moderno as artes se fundem,
recorrendo uma a outra em simbioses novas e inesperadas. A fotografia era prima
pobre da literatura e se tornou importante na pós-modernidade, mas passando por
hibridizações e enxertos com outras artes. A fotografia é uma abstração do visual, do
tátil e do corpóreo, essa abstração é própria do pós-moderno.



A hibridização da arte  

Haveria nas artes pós-modernas o desaparecimento das vanguardas como tais e o
enfraquecimento das estruturas coletivas e da política partidária, porque ambas
tinham uma relação estreita na modernidade. Mas, conforme Jameson, alguma coisa
tomou o lugar das vanguardas no cenário atual. Para explicar essa afirmação, o
conferencista voltou à instalação, típica expressão pós-moderna da arte. Para ele,
podemos ver como o conjunto de artigos heterogêneos tem seu macro equivalente no
museu contemporâneo com suas mostras e exposições temáticas. A vanguarda
coletiva foi substituída pela figura singular do curador.

Arte e idéias 

A instalação não é feita para a posteridade e sim para o agora. Por isso ela é uma
estratégia para produzir um evento. Mas que espécie de eventos eles são? Eles estão
perpassados de tecnologia. Atualmente, junto com as tecnologias consumimos seu
valor de troca e sua essência simbólica, como antes era consumido o automóvel.
Consumimos a própria forma da comunicação. Já com o livro era possível consumir a
ideia do livro com a mesma satisfação com que se consumiria o livro real em si. A
ideia é uma espécie de descoberta técnica ou invenção. A arte atualmente é gerada
por uma ideia brilhante que combina forma e conteúdo, e pode ser repetida
infinitamente até que o nome do artista assuma uma espécie de conteúdo próprio. Os
artistas atuais criam a partir de ideias e não de outras obras, inspiram-se em leituras
de Baudrillard, Deleuze ou quem for. Por isso a obra é mais a sua ideia. Consumimos
não aquela obra e sim a ideia da obra, que é mistura de teoria e singularidade. A
consumimos como ideia, é um processo teórico, e não uma presença sensorial, e cada
artefato reinventa a própria ideia de maneira singular.




 Da cozinha ao mercado financeiro

 Um exemplo de evento estético pós-moderno é a cozinha. A chamada cozinha
molecular tem 35 pratos com aparência estranha. Eles não são mais objetos naturais,
ou realistas, são abstrações do natural. O texto do aspargo, ou da berinjela, ou do
caqui, foi separado do corpo natural e encarnado numa nova textura e forma. Essa
forma é importante em si mesma. Cada novo prato não só corresponde a uma receita
escrita, os pratos são fotografados e a imagem, preservada. Você consome, então, o
prato junto com a ideia. Você consome a combinação de elementos. São lanches de
astronautas que escaparam do domínio do universal e seu sistema de nomeação,
sendo que no modernismo as comidas ainda eram classificáveis como: frutos do mar,
carne, verduras, temperos etc.
O efeito de singularidade artística pós-moderna está também na economia. O
mercado financeiro se inspira no mercado de arte, expressa-se no instrumento
financeiro singular chamado derivativo, um tipo de contrato no qual se estabelecem
pagamentos futuros cujo montante é calculado a partir de uma variável. É resultado
da situação da globalização em que múltiplos determinantes em constante
modificação, ritmos e velocidades permanentes tornam problemática qualquer
estrutura estável. Tudo é possível agora, contanto  que assuma condição efêmera e
dure um breve período de tempo. Evento e não objeto durável, o capital financeiro
passa por um processo de abstração. O derivativo, então, é um evento singular mais
do que um contrato, e até foi chamado de equivalente financeiro da bomba atômica.
Como exemplo, o conferencista imaginou uma empresa norte-americana que faz um
contrato para fornecer 10 milhões de aparelhos celulares para uma sede brasileira de
uma empresa sul-africana. A arquitetura interior será produzida por uma empresa
italiana, seu revestimento por uma empresa japonesa e outra mexicana.Temos aqui
pelo menos seis moedas diferentes e suas taxas de câmbio estão em fluxo constante.
As relações entre as taxas devem ser garantidas por uma espécie de seguro. Esse
conjunto de seguros faz aquele instrumento financeiro. Nunca há um derivativo igual
a outro. É difícil regular a dinâmica desse tipo de instrumento.
A partir do conceito de singularidade há também a transformação da subjetividade,
da política e da própria cultura. Há, na base disso tudo, segundo Jameson, uma
filosofia ligada a um antiessencialismo e a um antifundacionalismo. Isto é, a luta
contra qualquer ideia normativa da natureza humana  e o repúdio de qualquer
sistema metafísico último ou definitivo. Todos esses princípios já estavam inclusos no
essencialismo sartreano. A filosofia pós-moderna é  mais um sintoma da pósmodernidade.
A distância espacial é, agora, a da simultaneidade  temporal. Nunca antes uma
sociedade teve uma percepção tão efêmera de seu passado. Ninguém mais acredita
na transformação da sociedade a longo prazo, o presente está encerrado, o passado
não existe e o futuro é visto como desastre ecológico. Essas seriam algumas das
consequências da primazia do tempo sobre o espaço.
Com isso, a política pós-moderna é essencialmente uma tomada de território. Basta
pensar na ecologia, nas florestas, ou na Palestina, nas grandes cidades, favelas e
periferias. Tudo tem a ver com a comoditização da terra, últimos resquícios do
feudalismo. O tempo está na instantaneidade do telefone celular e da mensagem de
texto usados pela multidão, a política é a política do instante.



Debate

O conferencista encerrou sua fala e respondeu às perguntas do público e da
debatedora. Foi perguntado sobre a nova política das identidades e dos direitos dos
grupos, as implicações para a justiça e o direito de situações que não podem ser reguladas e sobre a possibilidade dele próprio ter  uma visão conservadora da arte.
Além disso, houve perguntas sobre pós-modernidade e música e sobre a globalização
como um momento realmente diferente dos seus precedentes.
Entre outras questões, Fredric Jameson lembrou de experiências políticas mais
recentes a partir dos levantes em Seattle e mostrou a crise da política partidária,
que se transforma num tipo de poder constituído após a emergência de uma
subjetividade de massas. Trata-se de um fenômeno político novo.
O conferencista também esclareceu que suas constatações sobre a pós-modernidade
tentam descrever uma realidade e não fazer uma avaliação ou julgamento. Alguns o
interpretam como entusiasta e outros como crítico desse tempo.
Para ele, o acontecimento música se espacializou, as pessoas vivem dentro da
música. Em relação à globalização como tempo realmente distinto, Jameson disse
conhecer bem os argumentos de que sempre houve a globalização. È verdade que
encontramos artefatos asiáticos na costa americana ou africana há muito tempo, mas
a prova de que o presente é um tempo diferente é a  transformação da experiência
humana.




quinta-feira, 19 de maio de 2011

PRECISO DE VOCÊ


Preciso de você

01/04/2011 22h41
Cada pessoa precisa de alguém que o ajude a chamar o seu êxtimo, de meu íntimo 
Jorge Forbes
A jornalista me pergunta impressionada a razão de novas pesquisas constatarem que, contrariamente ao que muitos esperavam, o povo da internet cada vez mais associa seus passeios na rede com a necessidade de estar junto. Esse fato relativiza as críticas morais que bradam ameaçadores avisos anunciando que o mundo estaria perdido, pois a www -  World Wide Web – seria uma teia perigosíssima que estaria aprisionando nossa pobre juventude, em um isolacionismo narcisista e emburrecedor.
Essa notícia chega ao mesmo tempo em que o Papa se precipita em condenar um aplicativo para smart-phones, através do qual o fiel antenado se confessaria on line, sem a necessidade de se ajoelhar na madeira dura de um confessionário escurecido por muitos pecados ali penitenciados. Ao menos dessa vez, ufa!, o Papa mostrou que “tá ligado”, pois a web não substitui a presença física.
Na mesma vertente, podemos falar da repetitiva pergunta se é possível fazer análise por skype, ou serviço semelhante, sem ter que se preocupar com o terrível trânsito das grandes cidades, bem como se garantir em ter seu analista à mão, ou melhor, na tela, entre um mergulho e outro, em uma ilha paradisíaca, do outro lado do mundo.
Não dá. Há um quê na presença física que é insubstituível. E se dizemos “um quê” é exatamente pelo fato de não podermos precisar o que é isso da presença física que não sabemos traduzir em nenhum idioma e por nenhum meio, razão pela qual não a podemos substituir, pois, como celebrou Michel Foucault: “a palavra é a morte da coisa”; se falamos de algo, substituímos o algo pela palavra e não precisamos mais dele.
Em um mundo que quebrou os paradigmas cartesianos de espaço e tempo, jogando-nos no furacão do ilimitado sem fronteiras, não há nada a estranhar na necessidade da presença física do outro, do corpo do outro, do seu enigma, do cheiro, cor, som, movimento, textura, olhar, que não sabemos traduzir em bytes. Esse enigma do outro é o remédio para a angústia tão atual, por nos termos visto transformar em habitantes de lugar nenhum.
Seis mil moças e moços geeks se acotovelaram por uma semana, em São Paulo, em uma festa chamada Campus Party. Seis mil!, em um pavilhão de exposições. É tão importante estarem juntos, que um nipo-brasileiro, morando ao lado do local da festa, trocou o conforto de seu quarto, por uma tendinha de campanha, verdadeiro elogio do desconforto.
A presença do outro nos remete ao mais essencial de nós mesmos. Se fôssemos honestos, parodiando Vinícius, jamais diríamos expressões do gênero: “no meu íntimo”. E isso porque o que nos escapa é exatamente o nosso íntimo. Diríamos, melhor, com Lacan: “no meu êxtimo”, sim, porque o meu íntimo me é tão estranho – quem já passou por uma análise sabe bem o que estou descrevendo – que melhor chamá-lo de êxtimo, clara alusão ao estranho e ao externo de si mesmo, que habita cada um.
Podemos nos livrar de muita coisa na vida, mas não da gente mesmo, em especial desse ponto íntimo desconhecido, promotor de nossas paixões, essa força estranha vivida na sensação do “mais forte que eu”. A presença física do amigo, do amado, do familiar, do próximo, nos reconecta com esse ponto fundamental, âncora de nossas existências, ponto transcendente de nossa imanência, se quisermos nos valer do discurso da Academia.
Nesse mundo de aparente tudo pode, e de em tudo estou, não por isso devemos nos assustar que ao lado do aumento dos acessos aos meios virtuais, vejamos crescer em paralelo os lugares de encontro físico, sejam eles campus parties, igrejas, consultórios, bares, cruzeiros. Os motivos são variados e o que neles se realiza, também, mas a necessidade é uma só: estar junto. Na era da pós-modernidade, onde o laço social das identificações é predominantemente horizontal, nos damos conta que o principal afeto, o mais fundamental afeto, é o da amizade. Cada pessoa precisa de alguém que o ajude a chamar o seu êxtimo, de meu íntimo.
(artigo publicado na revista Psique nº 63, março 2011)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Wish you were here


" SE VOCÊ NÃO SE ATRASAR DEMAIS, POSSO TE ESPERAR POR TODA A MINHA VIDA"
                                                                          Oscar Wilde



Pink Floyd

Composição : David Gilmour / Roger Waters
So,
So you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?        
Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
Did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?
How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

domingo, 15 de maio de 2011

A MORTE DO TANGO

  Entre  1821 e 1914, a Argentina foi um dos maiores destinos para imigração mundial. Desembarcavam no porto de Buenos Aires, espanhóis, poloneses, muitos judeus, franceses e principalmente italianos. Traziam consigo seus pertences e sua cultura, mas deixavam suas mulheres.
  Em 1887 havia cerca de 78 mulheres para cada 100 homens. Esta discrepância entre o número de pessoas do sexo masculino e do feminino motivou o tráfico de mulheres para prostituição.
  Foi das entranhas dos meretrícios argentinos, frequentados por estes homens melancólicos envolvidos em um contexto de sofrimento eternizado, que nasceu o tango.
  Não se escreve mais letras de tango há pelo menos 30 ou 40 anos. O tango não representa mais os portenhos? Não lhes conta mais nenhuma história? É o que sugere o crítico literário argentino Damián Tabarovsky. Concordo. Mas vai além disto.
  Na nossa contemporaneidade não há mais espaço para sentir dor, sentir falta. O tango morre como morre toda a arte que nasce a partir de alguma falta. As maiores criações literárias, foram criadas com dor, com sofrimento.
  Está "démodé" se deprimir. Sofrer por amor nem pensar. Moderno hoje é fingir que nada está acontecendo. Mas é só experimentando a falta que entramos em contato com nossos mais obscuros sentimentos e assim podemos reconhecer nossa capacidade de amar. Bons e velhos tempos que se conquistava uma mulher com poesias e curava-se dor de corno com  cachaça e música.
  O sucesso está na mão de quem ganha dinheiro. E ninguém "produz" capital estando deprimido. Os "winners", são pessoas alegres, bem dispostas, cheias de energia, como vemos no filme "Sem Limite" (Limitless),2011, dirigido por Neil Burger. Se não conseguimos ser assim, a ciência se encarrega de inventar uma droga que nos deixe assim.
  Hoje em dia se busca felicidade em farmácia.
  Acredito que daqui uns anos, os bebês sairão da maternidade já tomando pequenas doses de ritalina, para aumentar suas capacidades de concentração nas escolinhas,  que  frequentarão naquele mesmo mês. Certamente, já precisarão de algum anti-depressivo, para suportar o desmaparo ali vivido e as futuras depressões provinientes de frustrações por não serem tão bem sucedidos como alguns coleguinhas.
  Qual o lugar que ocupará a arte e a criação em uma geração de seres anestesiados que não tem contato com sentimentos tão básicos?
  Não consigo imaginar Nietzsche tomando Prozac. E Van Gogh tomando lítio? Quais seriam os destinos de suas obras?
  Nada contra a ciência e os remédios. Apenas sobre o uso indiscriminados destes.
  Estamos nos encaminhando para uma era onde seremos como os andróides do filme "Blade Runner" (1982) que nascem adultos tendo que aprender a sentir, sem nenhuma subjetividade.
  Seres frutos do vazio.

sábado, 14 de maio de 2011

Outra vez



Você foi...
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi...
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples pra mim
Você foi...
O maior dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez.
Você foi...
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi...
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...
Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...
Ah!
Você foi!
Toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi!
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer...
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez....

REI ROBERTO CARLOS

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tanghetto



Esta é para matar a saudade de Buenos Aires. Dica para embalar o fim de semana! Aprender a dançar com o mega tangueiro Sebastian Arce e Mariana Montes ao som de Tanghetto. A dança mais sexy e elegante do mundo. Let´s Enjoy the silence with Tanghetto degustando um Malbec

sábado, 30 de abril de 2011

Dinah Washington: Mad About The Boy




Esta é para curtir no finde num volume bem alto, tomando um BOM vinho... Fica aí a dica the super profound voice - Dinah Washington

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Saudade...

                                                                         Gustav Klimt 


Saudade que escorre no meu peito
Com ela eu me deleito
E sinto o gozo POR alguém que nunca tive
Ou de quem não tenho mais...

Mas agora é esta mesma

Saudade que me invade
Que me corrói
Que deixa no vácuo
Que me consome
Que me deixa no breu

Saudade que me deixa muda
Que não quer ser ouvida

Saudade que quer que eu sofra
Que me deixa no abandono
Na solidão dos meus pensamentos
Que só lembro de ti

Saudade que agora te odeio
Que te amaldiçoo
Que quero que morras
E esquecer que um dia te senti