terça-feira, 26 de abril de 2011

O Homem e o Mar

Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.


Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.

Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!

E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

3 comentários:

  1. Oi Fernanda! Lembra de mim? Luis Pedro Z.Achei muito bacana teu blog. Já era teu fã, agora sou o número 1.
    Parabéns
    abs

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  2. Luis!!!
    Que feliz reencontro!! Quanto tempo... Anos eu diria... Onde andavas?

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  3. Sim!Estava fazendo meu doutorado em UK.Te achei no google.GOD BLESS THE GOOGLE.

    abs

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